Precisamos falar sobre a série da Netflix Adolescência e o abandono digital

A minissérie Adolescência, da Netflix, levanta importantes reflexões sobre a responsabilidade parental e social na vida de crianças e adolescentes conectados às redes sociais. A produção nos convida a repensar os limites da privacidade infantil diante de um cenário onde o mundo digital se confunde com o real.


A trama gira em torno de Jamie, um adolescente de 13 anos que vive na Inglaterra com os pais e a irmã mais velha. A história se desenrola a partir da chocante acusação de que Jamie teria assassinado uma colega de escola a facadas. Os pais, atônitos e em permanente estado de negação, demonstram surpresa e desconhecimento total sobre o que se passa na vida do filho — dentro e fora da internet.

A narrativa, que inicialmente parece focar apenas no crime, revela, ao longo dos episódios, uma crítica contundente à romantização da privacidade infantil. Jamie, como é dito na série, “teve uma família amorosa, amigos, casa, comida, teve tudo”. Mas será que isso basta?

O que Adolescência expõe com precisão é o que especialistas já vêm alertando: crianças e adolescentes, mesmo inseridos em contextos familiares estruturados, podem estar completamente desamparados no ambiente digital.


Nesse sentido, a série escancara o que se tem chamado de abandono digital — um conceito ainda pouco explorado no campo jurídico, mas cada vez mais presente na realidade das famílias contemporâneas. O abandono digital ocorre quando pais ou responsáveis se omitem no dever de acompanhar, orientar e supervisionar o uso da internet, redes sociais, jogos e demais ferramentas online por parte dos menores.

A obra propõe, assim, uma necessária reflexão: garantir afeto, abrigo e alimentação é essencial, mas não suficiente diante dos riscos do mundo conectado. Proteger a presença digital dos filhos é, hoje, parte indissociável do exercício da parentalidade responsável.

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